quinta-feira, 25 de março de 2010

Como ensinar as crianças a gostarem de alimentos saudáveis?

Já deu pra perceber que me preocupo bastante com a alimentação dos filhotes. Não só pelo fato de ter optado por uma alimentação diferente da convencional, mas também para garantir a eles um desenvolvimento saudável e adequado.

Quem tem filhos sabe que eles constantemente testam a nossa paciência e simplesmente adoram ver nossas reações quando não fazem o que a gente espera, principalmente quando não comem o que a gente espera. Penso que é uma questão de auto-afirmação e de formação de personalidade e que aos poucos, com a convivência e a observação, aprendemos a lidar com isso.

Mesmo eu tendo me alimentado bem durante a gravidez, tendo oferecido a eles desde as primeiras papinhas variedade de legumes, verduras, cereais, leguminosas, frutas e por aí vai, também tenho dificuldade, as vezes, em alimentá-los bem, seja porque um quer imitar o outro, seja porque querem entender por que eles tem que se alimentar, seja por causa de algum resfriado, ou simplesmente porque não estão com fome naquele momento. Quando isso ocorre, me socorro de livros e sites que me dão um norte para estas situações.

Selecionei, então, para as mamães e futuras mamães que se interessarem, alguns links interessantes que oferecem dicas de como ensinar as crianças a gostarem de alimentos saudáveis. Aí vão eles:

Cozinhando para Pequenos Vegetarianos é um audio que dá boas dicas por meio do envolvimento emocional da criança com o alimento. Testei em casa e não é que deu certo! Vale a pena ouvir

Para adorar frutas, verduras e legumes. Neste link você encontra 8 dicas para acabar com o sabor de chatice destes alimentos.

E por fim, Como fazer as crianças provarem novos alimentos? Texto excelente, assim como o site http://www.docelimao.com.br/

segunda-feira, 22 de março de 2010

Páscoa sem chocolate e sem açúcar

Os pequenos estão com 2 anos e 6 meses de vida e já entendem um bocado de coisas. Como toda criança, eles adoram festas, brincadeiras e comemorações.

Acontece que estou adiando o máximo que puder e, enquanto puder, que eles consumam chocolate, açúcar, balas, pirulitos e refrigerantes - ofereço apenas açúcar mascavo e mel - para que quando tiverem mais idade, saibam dar prioridade aos alimentos mais saudáveis, como frutas e sucos naturais.

Mas, para que também curtam a Páscoa, comprarei dois coelhinhos de pelúcia, azul pro Miguelitinho e vermelho pra Luluquinha (ela disse que tem que ser vermelho - tomara que eu consiga encontrar); cenouras de verdade (caprichosamente embrulhadas); alguns brinquedinhos; e substituirei os tradicionais ovos de chocolate pelos de alfarroba (parece chocolate, tem gosto bem próximo do chocolate, mas não é chocolate. É nutritivo, sem lactose, glúten, cafeína e açúcar). Tudo isso o "coelhinho da Páscoa" vai esconder pra eles acharem. Acho que eles vão adorar.

Depois conto com foi o nosso domingo de Páscoa.

Sobre o açúcar, vale a pena ler no blog "Menina do Dedo Verde", o post "Mamãe não passou açúcar em mim"

Se alguem tiver mais sugestões, serão bem vindas.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Bebês Vegetarianos


A emoção de ver o rostinho dos meus filhotinhos pela primeira vez foi única, sem precedentes. As pediatras me mostraram a Luíza e em seguida o Miguel. Lindos, meus pequenos nasceram perfeitos, saudáveis e indicando que eu tinha feito tudo direitinho durante a gravidez.

Tudo estava bem, eu muito feliz lambendo as crias, mas uma coisa inquietava: o leite não descia e a causa, segundo os médicos, estaria na cesareana e na cirurgia plástica redutora de mama que havia feito há muito tempo, para evitar problemas de coluna. Fiquei arrasada! Então eu não poderia amamentar meus filhos?!

Solicitei leite materno, do banco do hospital, mas fui informada de que só forneciam para bebês prematuros ou com problemas, o que não era o caso dos meus filhos. Operada, fragilizada e frustrada por meu leite não descer, tive que me conformar em alimentá-los com leite industrializado de soja, próprio para bebês, para não correr riscos de perda de peso e complicações na saúde deles.

Meu médico prescreveu um medicamento que ajuda na liberação do hormônio chamado ocitocina, responsável pela ejeção do leite na amamentação e orientou-me a oferecer primeiro o peito e depois complementar com o leite artificial. Aos poucos o leite foi aparecendo, mas a quantidade não era suficiente para satisfazer os dois.

Continuei seguindo a orientação médica e complementando a amamentação, com o que consegui que a Luíza mamasse no peito até os 7 meses e o Miguel até 1 ano e meio. Sempre foram crianças tranqüilas e saudáveis; gosto de pensar que meu leite e o aconchego do meu peito contribuíram para isso também. A primeira gripe que pegaram foi depois de 1 ano de idade, mas isso é uma outra história.

Houve um momento em que eles apresentaram uma intolerância ao leite de soja. A Luíza tinha dificuldades em evacuar e o Miguel, embora evacuasse bem, apresentava uns vermelhões ao redor da boca. O pediatra sugeriu que eu experimentasse o leite de vaca modificado e esses problemas foram resolvidos.

Quando eles completaram 5 meses, além do meu peito e da complementação com o leite industrializado, passei a dar também frutas (maçã, mamão, banana, pêra, abacate), sucos (manga, laranja pêra, laranja lima, tangerina, carambola) e papinhas

Com orientação da nutricionista e seguindo dicas do livro "Mamãe eu Quero" da Sonia Hirsch, fazia a papinha dos pequenos com os seguintes ingredientes:

- um cereal ou carboidrato (arroz integral do tipo cateto, cevadinha, aveia em grão, macarrão integral, batata, batata doce, mandioca);
- uma leguminosa (ervilha partida, feijão azuki, lentilha);
- levedo de cerveja;
- dois ou três vegetais cozidos no vapor (abóbora, chuchu, cenoura, vagem, abobrinha, beterraba, berinjela, couve-flor, brócolis);
- um folhoso verde (couve, espinafre, mostarda, escarola);
- uma proteína (tofu, quinua, seitan (glúten), gema de ovo bem cozida - a clara do ovo não deve ser consumida antes do 1° ano de vida , por ser potencialmente alergênica);
- salsinha (rica em cálcio e vitamina C);
- um fio de azeite, com acidez menor que do 0,5 %, depois de tudo pronto (não se deve aquecer o azeite para não transformá-lo em gordura ruim).

Tudo bem colorido, ainda que depois de misturado e amassado ficasse de uma só cor.

No início amassava tudo com o garfo e depois passava na peneira. Depois, só amassava com o garfo e após um ano passei a não amassar mais os alimentos para estimular a mastigação. Os dentinhos deles tardaram a nascer.

Sempre dei preferência a produtos orgânicos. Não coloquei sal na comida deles até os dois anos de idade e isso facilitou muito a aceitação dos alimentos. Açúcar, só mascavo e bem pouquinho. Mel, a partir de um ano e meio (o mel não deve ser dado para crianças abaixo de 1 ano de idade, pelo risco de botulismo infantil).

E assim eles vão seguindo, sem carne, sem anemia, sem carência nutricional, peso e altura absolutamente normais e saudáveis sob todos os aspectos.

Foto 1: Miguel e Luíza nas primeiras horas de vida
Foto 2: Eu amamentando os filhotes ao mesmo tempo

segunda-feira, 1 de março de 2010

Vegetariana, grávida de gêmeos e mãe de quatro gatos

Optei pela alimentação ovo-lacto-vegetariana em 2004, dois anos antes de engravidar. Uma das minhas maiores preocupações foi a de obter uma dieta vegetariana equilibrada e balanceada para assegurar o desenvolvimento normal e saudável dos meus bebês. Apesar de ter lido muita coisa e me informado a respeito das necessidades nutricionais nesta fase, tive o cuidado de fazer um acompanhamento nutricional para garantir que tudo corresse bem.

Mesmo com enjoos dobrados e intermináveis no primeiro trimestre, considero que minha gravidez foi tranquila, sem problemas com pressão alta, diabetes gestacional ou doenças virais; apenas uma leve anemia no final, contornada com 3 sessões de ferroterapia. O médico me explicou que no último trimestre o bebê absorve algumas das reservas de ferro da gestante, que ajudam a evitar a anemia nos primeiros meses de vida - no meu caso, dois bebês me absorvendo. Explicou, ainda, que eu perderia sangue em decorrência do parto, que estava próximo, por isso não haveria tempo de aumentarmos as taxas com apenas complementos de ferro e reforço na alimentação. E era de suma importância que eu estivesse bem pra amamentar e cuidar dos pequeninos.

O fato de ser vegetariana não significa que eu não cometa pecados. Sou alucinada por doces, procuro me controlar, mas quando não consigo, tento compensar nos outros dias. E já pude observar em mim que esse inocente prazer, combinado ao cunsumo de leite e derivados, ocasiona baixa de resistência e, consequentemente, facilita o aparecimento de doenças no trato respiratório.

Além de procurar consumir uma alimentação bem variada e colorida, que incluía ovos, leite, queijo branco, tofu, glúten, cereais integrais, leguminosas, oleaginosas, legumes e verduras (preferencialmente orgânicos), aumentei a ingestão dos folhosos verde-escuros, como brócolis, couve, rúcula e agrião, por conterem uma boa quantidade de ferro, ácido fólico e cálcio. Para aumentar a biodisponibilidade de ferro e melhorar sua absorção, combinei com alimentos ricos em vitamina C, tomando o cuidado de não ingerir laticínios logo após a ingestão dessa combinação. Consumi, também, quatro tipos diferentes de frutas todos os dias e me alimentava a cada três horas. Evitei frituras, açúcar refinado e refrigerantes. Moderei o consumo de sal, dando preferência ao sal marinho moído e iodado. Bebi muita água (3 litros, em média, por dia). Também fiz uso de um complemento vitamínico indicado pelo meu ginecologista a todas as suas pacientes gestantes.

A posição dos filhotes não era favorável ao parto normal e como eu não queria que eles corressem risco algum, meu médico e eu optamos por fazer a cesareana com 37 semanas de gestação, que é considerada a termo para gêmeos.

Engordei apenas 20 kg e como resultado de todos esses cuidados, meus filhos nasceram muito saudáveis. A Luíza pesando 2,760 kg e medindo 45,5 cm e o Miguel pesando 3,105 kg e medindo 47 cm. Meu obstetra me disse feliz e satisfeito: "Parabéns, mamãe! Parece que estavam cada um em uma barriga!"

Não bastasse o fato de ser vegetariana, eu ainda cuidava de quatro lindos gatinhos (hoje, apenas três). Muitas pessoas me perguntavam: "e agora, o que você vai fazer com os gatos? Vai doá-los? E a toxoplasmose?" Não há motivos para me desfazer deles, eu respondia. Em primeiro lugar porque nunca passou pela minha cabeça doar um filho. Filho sim, pois mãe também é aquela que cria, mesmo que a cria seja um animal não humano. Em segundo, porque a toxoplasmose é transmitida apenas pelo contato e ingestão de urina ou fezes de gatos contaminados e eu deixei a terefa de limpeza da caixinha de areia deles para outra pessoa, ou quando não tinha jeito, lavava as mãos imediatamente após o manuseio, como sempre fiz a vida inteira. É uma questão de higiêne. Depois, segundo informações, o maior índice de transmissão da toxoplasmose ocorre pela ingestão de carnes contaminadas, mal cozidas, especialmente a de porco.

E assim, com muito amor, dedicação, informação, saúde e sem toxoplasmose, para despeito de alguns, tudo deu certo.

Foto 1: Meu barrigão de 32 semanas
Foto 2: Eu e o meu eterno Ministro.