sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mamãe, eu sou dentista!

A boca tem uma importância enorme na vida da gente. Alimentação, fala, estética, comportamento, relacionamento social, profissional, amoroso, tudo isso fica impraticável sem um mínimo de cuidados com a higiene bucal. Sim, porque mau hálito, cárie e falta de dentes além causar um grande desconforto, espantam qualquer pessoa.

Desde sempre tenho o hábito de fazer a higienização na boquinha dos pequenos. Quando eram bebezinhos utilizava gaze com água filtrada, depois acrescentei a dedeira para massagear as gengivas e quando nasceu o primeiro dentinho passei a usar escova apropriada para a idade deles. Utilizo um gel dental da marca Weleda, feito a partir de óleos essenciais naturais, sem flúor ou qualquer aditivo sintético. Nossas limpezas sempre foram feitas com conversa, explicações, paciência, muito carinho, musiquinhas, alegria e caretas. Um ritual mesmo.

As crianças adoram escovar os dentinhos, se sentem "grandes", importantes, acham divertido e às vezes, quando esqueço ou bate uma preguiça de levá-las ao banheiro para a escovação, elas me cobram: "Mamãe, você esqueceu de escovar os dentinhos". E lá vamos nós! Deixo que escovem primeiro e em seguida faço o arremate dizendo: "abre o bocão e diga aaaaaaaaaa, primeiro embaixo, os dentinhos do fundo, os da frente, agora em cima, os do fundo, os da frente, o céu da boca, faz um iiiiiiiiiiii pra mamãe massagear as gengivas, encosta a língua no queixo. Meu Deus que língua gigante!" O papai também tem seu método, pega a própria escova e enquanto os filhotes escovam seus dentes ele escova os deles, um de cada vez, claro. Eles amam!

Nesta semana, ao levar minha pequena Luíza para uma consulta com a dentista, fiquei toda orgulhosa e feliz ao ver o resultado da nossa rotina com a higiene bucal e, também, com os hábitos alimentares (não ofereço doces, pirulitos, açúcar refinado, balas, refrigerantes, etc, etc). Além de não haver nenhuma placa ou cárie, minha princesa deu a mãozinha para a dentista, sentou na cadeira feito uma mocinha, abriu a boquinha tranquilamente, deixou passar fio dental, fazer limpeza com motorzinho, dobrou os joelhinhos e cruzou as perninhas, muito a vontade, como se estivesse lendo um livro deitada de barriguinha pra cima e, por fim, deixou aplicar flúor.

Ao sair do consultório, pediu que eu a ajudasse a colocar as luvas que ganhou e disse olhando satisfeita pras mãozinhas: "Mamãe, eu sou dentista!".

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Dia dos pais com churrasco

Quem me conhece sabe que mesmo torcendo o nariz quando somos convidados para um churrasco, vou, pois penso que não posso exigir que todos deixem de comer carne por minhas convicções. Quando as crianças não existiam, eu tirava de letra, normalmente almoçava antes ou levava algo mais elaborado para comer; mas agora, minha preocupação e meu desespero são visíveis.

Como agir se as crianças quiserem experimentar? Explico que aquilo é uma parte do boizinho, que foi morto pra satisfazer o paladar das pessoas? Como falar de hábitos alimentares para crianças menores de 3 anos, que só entendem o que é certo e o que é errado e não aceitam meio termo? Como explicar que na família apenas eu não como carne? Todas essas questões me assombram desde antes da gravidez. E, embora eu tenha estudado a teoria, na prática, a coisa é um pouco diferente.

O fato é que comecei a perceber que não posso mais manter meus vegetarianinhos na redoma e que adiar situações desse tipo só pioram as coisas. Eles já têm uma certa independência, observam (e muito) as pessoas e apresentam curiosidade alimentar. Então, decidimos, de última hora, aceitar participar de um churrasco em um clube, para comemorar o Dia dos Pais, juntamente com parentes e amigos, todos carnívoros.

Para que não ficasse só no ritual da carne, levamos outras opções que as crianças gostam e que podem ser assadas na churrasqueira, como brócolis, couve-flor, queijo coalho, batata e milho. Tirando o queijo coalho, o resto foi um desastre. As crianças só comeram arroz e queijo, pois inventei de temperar o brócolis e a couve-flor com shoyo e elas detestaram -  alguns carnívoros aprovaram. O milho e a batata demoraram demais e descobri que deveria tê-los levados prontos, cozidos, que seria mais tranquilo. Mesmo assim, não foi o bicho de 7 cabeças que imaginei. As pessoas me respeitaram e não ofereceram carnes aos pequenos e nem fizeram piadinhas infames e eles não pediram pra experimentar, estavam mais interessados em correr na grama e brincar na piscina.

Quando viram o pequeno sobrinho deles comendo um pedaço de frango, percebi a curiosidade e lhes disse que aquilo eles não comiam, mas que tinha queijinho assado se eles quisessem, foi a festa!

De tudo, algumas lições aprendi: não sofrer por antecedência fazendo previsões dos acontecimentos; dividir a responsabilidade pela escolha da alimentação dos filhotes com todos que saibam disso (ou seja, ou respeitam ou terei motivos para não ir da próxima vez) e; não inventar novos temperos ou forma de preparo do alimento, de última hora, principalmente quando os gourmets são crianças.